quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Jornal de Jaú publica texto sobre ateísmo e laicidade

No último dia 19, o jornal Comércio de Jahu publicou um excelente texto sobre ateísmo e laicidade de Estado, que fazemos questão de reproduzir aqui na íntegra.



Ateísmo, religiões e Estado

Ateísmo é a rejeição ou ausência de crença na existência de divindades e outros seres sobrenaturais, porque tidos como fruto da criação humana. Parte do pressuposto de que as convicções religiosas baseadas em livros sagrados como o Alcorão, a Bíblia, os Upanixades e o Talmud não passam de literatura.
A rigor, os ateus se diferem dos religiosos porque não acreditam em quaisquer deuses. Porém, cristãos são ateus em relação ao deus muçulmano ou ao judeu; budistas são ateus em relação ao deus cristão e ao muçulmano, e por aí vai. Logo, todos, sem exceção, são, de alguma forma, ateus. 
O ateísmo parte da constatação de que deuses foram criados em praticamente todas as civilizações e em todas as eras. Primeiramente coisas, depois seres vivos como plantas e animais foram deificados. Depois vieram as divindades com caracteres humanos. Por fim, surgiram as religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo, islamismo), que se espalharam pelo mundo ocidental, em contextos históricos diversos. 
A ideia de um deus criador rancoroso, como o cristão, o judeu e o muçulmano, para os ateus não faz sentido à luz da ciência. Somos serem pensantes, habitantes de um planeta maravilhosamente singular, dentro de um universo imenso, onde a figura de um deus, ou de deuses, simplesmente não se ajusta, porque nada explica, apenas complica. 
Ateísmo lida bem com a finitude, pois pensa nesta vida, no mundo real, sem que procure algum "sentido" maior em tudo isso. É o próprio homem que dá sentido a sua vida, por meio de suas ações. E o melhor motor ético do homem é sua própria consciência, baseada no respeito aos demais e à lei do seu país. As coisas são o que são e é melhor viver a paz da descrença que a ilusão de eternidade. 
Sim, os ateus focam sua preocupação não em dogmas, mas no ser humano e na ciência, sem que esta seja considerada infalível. Por isso, ateísmo é humanismo; é libertar-se de medo do sobrenatural; é buscar a compreensão do universo sem apelo ao criacionismo inverossímil. Para o ateu, a fé é uma ficção, uma renúncia à razão, que pode levar a resultados desastrosos.
O ser humano não precisa que livros sagrados prevejam punições (inferno) ou prêmios (céu) para agir bem socialmente, pois, em todos os países, há leis a serem obedecidas. Logo, age com ética aquele que faz o bem por convicção ou por medo de castigo divino? O direito já serve para isso: manter um mínimo de ordem. Basta temer as punições da lei, que aliás são muitas. 
Religiosos ortodoxos e fundamentalistas podem fazer o bom pela caridade, mas estão no cerne das grandes matanças, guerras e perseguições, sobretudo quando a religião é manipulada pela política, como ocorreu na Alemanha Nazista. A história mostra que a obsessão por controlar as mentes dos fiéis, somada ao ódio aos infiéis, configura o pano de fundo de tantas atrocidades. Exemplo maior foi o da Santa Inquisição, que ceifou a vida de milhares, talvez milhões, apenas por pensarem diferente da igreja católica. Exemplo recente foi genocídio praticado pela Sérvia cristã no coração da Europa nos anos 90. Nos dias de hoje, podem ser citadas as punições corporais e aviltamento da mulher (Alcorão), proibição de ateus ocuparem cargos públicos (vários estados dos EUA), o conflito entre Israel e Palestina; a religião é o que tornou possíveis os atentados de 11 de setembro, levando a um abismo entre o ocidente o mundo muçulmano. O que interessa enfatizar é que o mundo de hoje não está livre desse tipo de atrocidades, muito pelo contrário. 
No Brasil, a Constituição de 1988 prevê a liberdade de crença para crentes e descrentes (art. 5º, VI) e a separação entre igrejas e Estado (art. 19), mas isso não está sendo obedecido pelo poder público. Vejo com preocupação o fato de prédios públicos conterem símbolos religiosos (na sala de julgamento do STF, há um crucifixo); o fato de a religião católica ser ensinada nas escolas públicas; a presença de ministros religiosos ocupando cargos públicos; a concordata entre Brasil e Vaticano de 2008; o pagamento de dízimo exagerado pelos pobres; o enriquecimento de igrejas, protegidas pela imunidade injustificável; por fim, a existência de tantos feriados cristãos, como Sexta-feira Santa, dia de Nossa Senhora de Aparecida e Corpus Christi. São exemplos de usurpação do Estado laico pela religião, a despeito das normas, claras, previstas na Constituição. 
Rodrigo Zacharias é juiz federal em Jaú.


Enviem seus comentários hoje mesmo na página do texto e deixem uma cópia no espaço do leitor para que sua carta seja publicada.

sábado, 10 de setembro de 2011

Página 2 do Estadão: "ter fé em deus é bom para a Pátria"

O Estado de S. Paulo publicou hoje em sua página de artigos de opinião, o espaço mais nobre no jornal, um artigo do cardeal-arcebispo de S. Paulo, Odilo Scherer, intitulado "Ter fé em deus é bom para a Pátria?". Eis alguns trechos:

Além de cumprirem os seus deveres cívicos, como os demais cidadãos, as pessoas de fé têm uma contribuição própria a dar para o bem da Pátria. A fé em Deus, bem entendida e manifestada publicamente, com suas convicções traduzidas em antropologia, moral e cultura, pode representar uma contribuição fundamental para o bem comum. Da fé em Deus decorre uma valiosa compreensão da pessoa e sua existência, do mundo e do convívio social, da economia e de todas as atividades humanas. Decorre também um alto conceito de dignidade da pessoa e de seus direitos inalienáveis, bem como um embasamento sólido para práticas de respeito, justiça e honestidade, tão necessárias ao convívio humano e às relações sociais.
[...]Na antropologia cristã, além disso, está presente aquilo que a globalização vai trazendo sempre mais à luz: nossa pertença a uma única família humana, à qual estamos ligados de maneira solidária. Cremos num único Deus e Pai de toda a humanidade; ele quer o bem de todos os filhos e que vivam como irmãos e em paz. Um povo não pode ser indiferente aos outros, nem deixar de se interessar pela sorte sempre mais compartilhada por todos os membros da comunidade humana. Limites territoriais, tradições culturais, diferenças raciais, heranças históricas e interesses econômicos, em vez de contrapostos, deveriam ser cada vez mais conjugados e harmonizados. 
Quando se dá espaço para Deus, também o homem ganha importância; sua dignidade, seus direitos, a liberdade e o sentido de sua vida neste mundo não são diminuídos, mas iluminados e potencializados. A fé em Deus oferece bases sólidas para valores e virtudes que devem nortear o vida humana nas esferas privada e pública. 
Ter fé em Deus e manifestá-la abertamente, indo às suas consequências éticas e culturais, é bom e faz bem à Pátria.


Mande suas cartas hoje a forum@grupoestado.com.br com identificação, endereço e telefone. Sugerimos cópia para falecom.estado@grupoestado.com.br e portal@grupoestado.com.br pedindo direito de resposta à Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Projeto de Lei obriga bíblias em repartições públicas de Manaus

    "Tramita na Câmara Municipal de Manaus o Projeto de Lei (PL) 154/2011, que estabelece aos espaços públicos, inclui-se ai bibliotecas e salas de leitura de escolas, que possuam no mínimo um exemplar da Bíblia. De autoria do vereador da bancada evangélica, Marcel Alexandre (PMDB).

    Reconheço que o Estado é Laico, mas por outro lado, é democrático e também percebo a falta de referências que a sociedade tem sofrido. O uso da Bíblia nesse sentido não é sob o caráter religioso, mas sim cultural. Como país que mais fabrica bíblias e exporta para mais de 105 outros países de língua portuguesa, é uma possibilidade de divulgar a língua do país", justifica Marcel Alexandre."

Leiam a notícia completa no site d24am. Envie seu protesto para os veradores:


ademar.bandeira@cmm.am.gov.br, amauri.colares@cmm.am.gov.br, gloriacarrate@cmm.am.gov.br, cida.gurgel@cmm.am.gov.br, dr.denis@cmm.am.gov.br, drmodesto@cmm.am.gov.br, drmodesto@cmm.am.gov.br, eloi.abreu@cmm.am.gov.br, drgomes@cmm.am.gov.br, gilmarnascimento@cmm.am.gov.br, hissa.abrahao@cmm.am.gov.br, homeroleao@cmm.am.gov.br, isaactayah@cmm.am.gov.br, jaildo.rodoviarios@cmm.am.gov.br, jeferson.anjos@cmm.am.gov.br, joaquim.lucena@cmm.am.gov.br, leonelfeitoza@cmm.am.gov.br, mitoso@cmm.am.gov.br, carijo@cmm.am.gov.br, lucia_antony@cmm.am.gov.br, marcel.alexandre@cmm.am.gov.br, mirtes_sales@cmm.am.gov.br, mariobastos@cmm.am.gov.br, marise.mendes@cmm.am.gov.br, massamimiki@cmm.am.gov.br, mario.frota@cmm.am.gov.br, nelson.amazonas@cmm.am.gov.br, paulo_decarli@cmm.am.gov.br, paulonasser@cmm.am.gov.br, reizo.castelobranco@cmm.am.gov.br, roberto.sabino@cmm.am.gov.br, socorro.sampaio@cmm.am.gov.br, vilma.queiroz@cmm.am.gov.br, vitormonteiro@cmm.am.gov.br, waldemir.jose@cmm.am.gov.br, wilker.barreto@cmm.am.gov.br, wilton.lira@cmm.am.gov.br 


O email geral da câmara é camara@cmm.am.gov.br. Copie todos os endereços e cole na linha de cópia oculta do seu email (BCc ou Cco), para que o email pareça dirigido somente a um vereador.